quinta-feira, 31 de maio de 2007

Norte e Galiza Querem Megacluster Têxtil
















A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e a Associaçom de Industrias de Ponto e Confecçom da Galiza assinam hoje, em Vigo, um protocolo de cooperação que fomente o intercâmbio de estilistas e de acções de promoção de moda, nas duas beiras do Minho. Com estas medidas pretende-se adquirir um maior protagonismo internacional, através da união de esforços. Esta acção visa, também ela, aceder a fundos comunitários voltados para projectos fronteiriços.

Mais um ponto em comum que encontramos numa Euro-região que precisou da Europa para se reencontrar a si própria. Depois da cooperação ao nível da gestão de portos e aeroportos e da gestão comum do Parque Natural do Gerês, eis que a cooperação chega a um dos sectores mais tradicionais da indústria das duas Galizas. Não esquecendo os demais intercâmbios entre as indústrias e os acordos ao nível municipal e mesmo entre empresas, os esforços a que assistimos são mais significativos a este nível do que os feitos internamente, sendo dignos de uma qualquer estratégia de afirmação de um país.

Contribui-se assim, passo a passo, para uma sintonia de percursos e de ideias que faz prever um futuro comum. A aproximação entre as duas é cada vez maior a todos os níveis. A ironia da História aproxima-as. Elas que durante séculos foram uma, acabam por fazer a sua aproximação motivadas por uma Europa que atenua o conceito de nações. Desconheciam os ideólogos que iriam surgir sentimentos das velhas nações, ofuscadas pela sua integração noutros países. E a estratégia europeia de incentivação da cooperação entre as regiões fronteiriças cai que nem uma luva a este noroeste peninsular.

À falta de um apoio decente por parte do estado português, a sua região norte encontra na sua velha irmã o aliado ideal para se erguer e seguir caminho. O entendimento entre o norte de Portugal e a Galiza é claro. Querem os dois caminhar na mesma direcção. Conquistar mercados, riquezas, mundos. Divulgar o melhor que ambas produzem. Querem, juntas, triunfar e sair da sombra em que se encontram.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Entrevista a José Marques dos Santos, Reitor da UP










Jornal de Notícias | Tem assumido um discurso pró-região. Afinal, como chegou o Norte a este declínio? Como perdeu a sua força reivindicativa?

José Marques dos Santos | O que terá acontecido foi que o Norte não soube criar as condições para fixar emprego de grande qualidade nos vários sectores. Todo esse emprego foi para Lisboa, para outros locais ou para fora do país, o que significa que não conseguimos fixar pessoas de elevada qualidade, que contribuam para o progresso da região.


É uma culpa partilhada pela região e pelo Estado?

Claro que sim, é de toda a gente. Os empresários e os artistas vão todos para Lisboa. Às vezes, interrogo-me se estão à espera de algum deus que venha criar as condições na região. Cada um de nós tem de se sacrificar um pouco para criar as condições necessárias. Se quem é capaz e pode contribuir abalar daqui para fora, isto nunca crescerá. E seria interessante que os que daqui saíram, a diáspora da região, regressassem. Talvez seja ingenuidade? Se é, então desistimos, ficamos com um país macrocéfalo que tem apenas um grande centro em Lisboa e deixamos de nos queixar.


A atitude deve mudar?

Temos de ser nós próprios a resolver os problemas e não apontar os outros como causas. Temos de deixar este discurso de lamúria e ser mais positivos.


Os políticos também saem e esquecem a região?

Se calhar, também. Políticos, banqueiros, industriais e artistas... Todos desaparecem.


Não é preciso criar condições para que regressem?

Eles próprios também têm de regressar para criar condições. Se os mais capazes não contribuem, quem as criará? O poder central? O poder local delapidado dos seus melhores valores? Assim é difícil.


Tem insistido numa maior cooperação a todos os níveis.

Claro, é fundamental. Falemos de coopetição, o novo calão que associa competição e cooperação. As empresas e as instituições têm de saber competir e também cooperar naquilo onde apenas juntas conseguem criar massa crítica e valor acrescentado.


Por que é tão difícil essa cooperação?

Não sei. É intrínseco. Será por sermos demasiado individualistas ou divididos. Na freguesia onde moro, há três ou quatro clubes e cada um nasceu por cisão. Não há infra-estruturas desportivas na freguesia porque ninguém se entende. Cada um prefere ser o dono de uma coisa pequenina do que partilhar a capacidade de poder e liderança para algo melhor.


Cada um prefere mandar na quintinha em vez de se juntar em torno de uma quinta maior, como diz. Não há capacidade para aceitar com humildade uma liderança?

Obviamente. Não consigo perceber uma instituição ou uma região que vá para a frente sem uma liderança.


Por que falta liderança à região? É dividir para reinar?

Falta talvez uma estrutura política, uma região, algo que nos junte, que tenha poder interventivo e legitimidade para se impor. Se se construir uma equipa com cinco ou seis pessoas e não se nomear um líder, ela rapidamente se desmorona porque o primeiro que avançar é acusado pelos outros de querer protagonismo. Por isso ninguém faz nada, tem tudo receio de avançar.


Deve ter um líder ou mais?

Não acredito em lideranças duplas e triplas. Isso não conduz a bons resultados. E deve haver continuidade. O que acontece, quase sempre, é que quem está à frente dos órgãos está por tempos limitados. Quando as coisas estão a chegar a um ponto razoável, vão embora e volta tudo a zero.


Usando uma sua expressão, quando não há um maestro, cada um acaba por tocar para o seu lado?

E há muitos que tocam bem, mas não conseguem fazer tocar uma orquestra.


Quem poderia ser o maestro da região?

Tem de ser alguém com intervenção política forte. Um político. Alguém que esteja num órgão que seja depois reconhecido e aceite por todos. E que, pela sua capacidade, se imponha aos outros. Se for um medíocre não se impõe.


Há quem atribua esse papel à CCDRN, mas falta-lhe legitimidade democrática.

Pois, dizem que não tem legitimidade e não é eleita. Se calhar sou ingénuo politicamente, mas faz-me confusão, tendo nós uma certa organização administrativa, não ser possível ter uma capacidade de intervenção adequada e impor-se essa liderança. Isso dirá um pouco mal da democracia. Então estamos aqui todos não para construir algo mas cada um está no seu lugar para defender a sua dama. Cada líder local, numa universidade ou numa câmara, deve ter uma visão superior. Temos que pensar se estamos a contribuir para o progresso geral. Cada um tem que pensar para além de si próprio e, quer se queira quer não, tudo que é eleito preocupa-se consigo próprio na perspectiva de outra eleição.


Enquanto não há regionalização, a Junta Metropolitana do Porto pode fazer, parcialmente, esse papel?

Se calhar podia e devia. E penso que tem vindo a fazê-lo.


O que retira da polémica negociação em torno do metro?

Cada um defende só os seus interesses e preocupa-se pouco com interesses cruzados. O líder daquela estrutura devia ser alguém acima de cada entidade.


Concorda, então, com o regime proposto pelo Governo para as áreas metropolitanas, com um executivo sem presidentes de câmara?

Isso vem de encontro ao que estou a afirmar. Porque se for um dos presidentes de Câmara, é logo acusado de defender os seus interesses. É a tal independência que deve existir. Este país construíu-se muito à base da cunha, do pedido, com cada um a procurar resolver o seu problema, e sem saber se ao fazer esse pedido está a prejudicar um todo mais alargado. Se houvesse uma junta regional, ou algo do género, teria de ser alguém acima das câmaras.


Mostrou-se favorável à regionalização mas questionou a capacidade dos nortenhos de se entenderem para fazer tal reforma.

Esta é a minha visão.


A questão é mesmo de falta de liderança?

Penso que sim, por mais que me digam o contrário. A Madeira e o Algarve têm líderes, quer se goste ou não deles. E Lisboa tem o próprio Governo. O Norte e o Centro não têm e veja como estão. Falta capacidade de juntar as pessoas em torno de um projecto.


Não basta estar de mão estendida, é isso?

A liderança serve para definir estratégias que envolvam todos os agentes e pô-las em acção. Quando o dinheiro vem para a região, esta já poderia dizer "quero para isto e para aquilo". E não ter que estar a submeter projecto a projecto. Falamos já de uma estratégia da própria região.


Tal estratégia regional não tem que partir do Governo?

Penso que não é necessário. Se sabemos o que queremos e nos conseguimos entender, ninguém tem de decidir por nós. Claro que a estratégia da região tem de estar sempre em consonância com a do país.

Regiões sem referendo

Enquanto adepto da regionalização, defende um novo referendo?

Por natureza, sou contrário ao recurso à figura do referendo por tudo e por nada. Temos uma democracia participativa. Elegemos deputados para nos representarem e eles devem estar muito melhor informados. É verdade que, muitas vezes, estão sujeitos a disciplinas partidárias que influenciam as decisões. Tem que haver coragem dos partidos de se entenderem e encontrar uma solução constitucional.


Seria difícil, até pela resistência do líder do PSD?

Sim, mas houve tantas mudanças desde o último referendo. O presidente da Câmara do Porto, que não era regionalista, hoje defende a regionalização. Já tem a experiência que lhe permita ver as dificuldades

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Municipais Galiza 07














Estranho o pouco destaque dado às eleições municipais na Galiza. O que se fala é inserido num contexto global de municipais espanholas, não havendo uma análise pormenorizada nesta região que tanto tem em comum com o norte de Portugal, mas também com o país no seu todo. A Galiza é uma região com afinidades vincadas connosco e o tratamento de distância com que os seus assuntos são abordados provoca-me uma sensação de estranheza. Premeditação? Incómodo pelo facto de a Galiza, estando sob alçada espanhola, ter mais afinidades com Portugal do que com Espanha? Respeito pela soberana unidade espanhola? Ou um tema tabu que convém não ser tratado por forma a não levantar mais polémicas sobre - a já de si polémica - artificial nação imposta por Castela?

O que é certo é que não podemos mais fechar os olhos e continuar a negar uma realidade que é evidente. As afindidades que temos com a Galiza não podem ser deixadas para segundo plano em favor da pretenção de Espanha em manter intactas as suas fronteiras e a sua afirmação sobre as nações que a constituem. Os problemas que a Espanha tem, tem que ser a Espanha a resolver. Não podemos é fazer de conta que não existe uma região a norte que fala a nossa língua, tem os mesmo costumes e que por sinal é a base da nossa própria identidade. Essa região luta por se afirmar dentro do reino espanhol e procura volta-se definitivamente a sul em buscas de referências que possam recuperar partes da sua identidade esquecida por anos de colonialismo. Assume os seus erros históricos, nomeadamente quando a sua nobreza e os seus líderes optaram por um espanholismo, que lhes veio a sair caro, em detrimento da sua evidente ligação com Portugal. E nós o que fazemos? Fazemos de conta. Fazemos de conta que não existe. Fazemos de conta que não é da nossa conta.

Há claramente um evitar mencionar-se o assunto com a intenção de não ferir susceptibilidades. Por outro lado há também um esquecimento conveniente da nossa ligação anecestral. Afinal somos um país com 800 anos de história! Como vamos nós explicar às pessoas que temos os do Norte mais em comum com o vizinho de cima - que até habla español e tudo - do que com o vizinho de baixo?

Burela e Guimarães















A já curta distância entre Burela e Guimarães fica agora mais curta. Através das escolas IES "Perdouro" e da secundária Martins Sarmento foi criado um blog que permite aos alunos destas duas instituições estarem mais próximos entre si e partilhar as suas ideias sobre racismo, xenofobia e tolerância. O blog chama-se, por isso, Juntos pela Diversidade e tem como objectivo unir os dois lados da raia através da temática da luta pelos direitos humanos e da promoção da diversidade cultural.

Esta inciativa tem como coordenadores o prof. Bernardo Penadabe (professor de Língua Portuguesa) e a professora Fátima Aguiar (professora de História), docentes da IES e da ES Martins Sarmento, respectivamente.

É uma iniciativa de louvar e que poderá servir de rampa de lançamento para outros projectos semelhantes que possam aproximar mais as localidades do norte e do sul da Galiza, tão distantes que parecem estar entre si pela força de fronteiras imaginárias. E pelos preconceitos que, por causa delas, se criaram fazendo a separação entre iguais, atraídos por pólos de outras paragens.

Curioso esta iniciativa ser gerida por dois professores que leccionam disciplinas que facilmente explicam a proximidade que existe: Língua Portuguesa e História. A língua, que nos une e que querem a todo o custo diferenciar, e a História, dos homens e dos povos, que explica o porquê das coisas. Lástima é que possa, esta última, servir de justificação a outras causas, através da manipulação dos factos.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Um Concenso Inconcensual



















É notícia de hoje a confirmação do início das condicionantes impostas pelo governo relativamente ao processo Regionalização. Muito se adapta o governo conforme os temas em discussão! Se nuns casos (Aeroporto da Ota) o concenso é algo que apenas vai atrapalhar os interesses do governo no que diz respeito a esta matéria, noutros o concenso é uma condição para que o processo avance. Concenso é preciso por um lado, enquanto que por outro o que manda é o avanço do país. Ou de uma parte dele.

Será então preciso que haja concenso entre as partes interessadas para que o processo da regionalização seja levado avante. E é colocado imediatamente de parte uma resolução rápida para o processo, descartada que foi pelo primeiro-ministro a hipótese de o referendo se realizar antes de 2009. Ou - quem sabe? - (nem) na próxima legislatura. E ainda assim, será necessário haver um concenso.

De uma assentada, e após um silêncio prolongado sobre o assunto, o primeiro-ministro arrefece os entusiastas da Regionalização e começa a colocar os primeiros entraves. E colocar entraves à regionalização do país é colocar entraves ao desenvolvimento económico dele. Porque um país nunca poderá funcionar apenas tendo como referência a sua capital, enquanto o resto do país (a sua maior parte) tenta sobreviver diariamente com o pouco que tem - para não falar na privação das necessidades básicas que diariamente lhe são impostas.

Temos portanto um país a duas velocidades e com duas políticas. Uma região (Lisboa e Vale do Tejo) a uma velocidade embalada pela frescura económica proporcionada por uma política centralista do governo - que lhe proporciona vantagens na competitividade interna; e o resto do país a uma velocidade de caracol, tentando desesperadamente encontrar meios e soluções para sair do marasmo em que se encontra e combater o desinteresse do governo pelos seus problemas. E, por outro lado, uma política proteccionista para com a capital, desburocratizando - e passando mesmo por cima de pareceres técnicos e algumas leis - tudo quanto seja possível para que o desenvolvimento desta acompanhe o ritmo das suas congéneres europeias - enquanto que para o resto do país há a maior burocratização possível de todos os processos (e uma necessidade de concenso), impedindo-o de crescer ao ritmo frenético da sua capital.

A isto chama-se ter dois pesos e duas medidas. A serem usados da forma que mais lhes convém. Enquanto o resto do país luta para sair das dificuldades que atravessa. Não adianta anunciar um crescimento de 2, tal % do país quando esse crescimento não corresponde à realidade de todo o terrritório nacional. Não é correcto anunciar a queda do desemprego quando ele aumenta na região que fora o motor económico do país. O que adianta é ser objectivo e olhar de frente para os problemas sem estar a pensar noutro tipo de interesses

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Turismo Perde o Norte














A notícia de que a Região Norte ficara de fora dos investimentos levados a cabo polo governo normalmente caíria como uma bomba. Não falo só na primeira pessoa, mas alargo a minha incredulidade à maioria dos habitantes da região. Mas não! Não, não é surpresa alguma esta exclusão, como não foram as anteriores decisões governamentais prejudiciais à região. É apenas o seguimento de uma política castrante, abusadora e tendenciosa que temos vindo a assistir e que tomou dimensões gigantescas, assumindo de vez o descaramento e perdendo a vergonha.

Se em tempos estas medidas eram tomadas intencionalmente mas com a preocupação de não causar alarmismos e descontentamento - sendo acompanhadas de justificações injustificáveis, estudos encomendados ou um qualquer regalo do género "toma lá e tá calado!" - nestes últimos anos passaram apenas a medidas normais e esperadas, sem qualquer preocupação e receio por parte de quem as toma. E porquê? Porque sabem que não há nada que os visados possam fazer, uma vez que estão montados os mecanismos necessários para que este tipo de política possa ser exercida, favorecendo atitudes destas. O sistema centralista está tão bem montado e guarnecido - e suportado por bases políticas, quais bases militares, por todo o país, intensificando-as nos pontos mais estratégicos - que quaisquer vozes de contestação contra ele os abafa automaticamente. É fácil de perceber: os centralsitas são os que mandam. Qualquer coisa que ponha perigo a sua política é aniquilado, porque não interessa.

Dos 100 milhões de euros previstos para o investimento no turismo, zero venhem para a região. As atribuídas são - admiremo-nos! - o Algarve, Lisboa e Vale do Tejo e a Região Oeste. Que a nível de regiões não é região alguma mas apenas uma parte da Região Lisboa e Vale do Tejo. O descaramento atinje cada vez mais dimensões de ultraje. Mas dificilmente algo o pode impedir. Os governantes sabem-no. E por isso não se importam com o descaramento. Para além do epíteto atribuído ao Norte - praticamente sinónimo de contestação, a inserir nos próximos dicionários - existe um marasmo a nível de figuras públicas e políticas. Há um consenso entre estas que assume a discriminação, o esquecimento e a intencionalidade em muitas decisões tomadas em relação à região. Mas poucos ou mesmo nenhuma tem a força de outrora. Ou se tenhem, a comunicação social não faz caso delas e as reclamações feitas não passam das fronteiras regionais e surtem efeitos apenas internos. E os governantes sabem disto também e daí o descaramento das decisões ser maior e mais frequente.

Uma das soluções para a resolução desta questão política de opressão de uma região passa pela regionalização do país. Mas não tenhamos dúvidas! Se já assim se assiste a um desgaste total e sub-aproveitamento de uma região em favor do desenvolvimento de outras, o que nos espera nos tempos que antecederem à regionalização serão piores ainda. Ao ter consciência que o bolo vai fugir, a pressão aspirante da política centralizadora vai fazer-se sentir mais ainda e espremer até ao último momento o que puder espremer.

sábado, 12 de maio de 2007

Cultura Castreja a Património Cultural Europeu














A Galiza e o norte de Portugal, mais as Astúrias fazem esforços para que a cultura castreja seja considerada Património Europeu da Cultura. A área é de elevado interesse para o nosso património cultural e espiritual, pois representa os primórdios da cultura galega, que remontam ao primeiro milénio antes de Cristo. Era uma cultura uniforme, de cultura celta e que se estendia pelas áreas desde o sul do Douro até às Astúrias. Na região galega de Portugal, encontram-se os castros de proporções maiores (já no tempo dos romanos) e que atingiram a categoria de citânia (pequena cidade). São disso exemplo a Citânia de Briteiros (em Guimarães) e a Citânia de Sanfins (em Paços de Ferreira). Muitos outros castros, de variadas dimensões podem ainda hoje encontrar-se na nossa região. A concentração mais elevada encontramo-la na zona litoral, entre o Douro e o Minho.

Os castros surgiram no primeiro milénio antes da nossa era e formavam uma cultura uniforme que caracterizava o noroeste peninsular. Com a chegada do invasor romano, houve a tentativa por parte destes de fazer com que os celtas descessem dos cabeços do monte para habitar as novas cidades estrategicamente construídas, no sentido de incrementar a economia e facilitar o processo de aculturação.

As mudanças não foram muitas. A principal foi a fala. As tribos abandonaram o seu linguajar celta e começaram a falar latim. Ao nível espiritual, os deuses celtas continuaram a ser alvo de culto, embora também se encontrem registros de cultos a deuses romanos, muitos deles em simultâneo com deuses locais. A mentalidade guerreira e as actividades económicas e artísticas preservaram-se. Neste período inicial de domínio romano a cultura castreja chegou mesmo a propserar e os castros apenas começaram a ser abandonados por volta do século primeiro da nossa era. Em muitos sítios as pessoas fazem ainda romarias em datas festivas às "aldeias velhas" da nossa terra. Talvez em sinal de reconhecimento...

Urge portanto preservar este legado herdado dos nossos antepassados e respeita-lo pela forma mais merecida, preservando-os e fazendo deles o símbolo nacional que são. Alguns deles encontram-se em óptimo estado. Outros vão sobrevivendo. Muitos viram as suas pedras de granito serem aproveitadas pelas povoações que se lhes seguiram para edificar novos edifícios ou calcetar ruas.

Lástima que tenhamos que contar com o "empenho" do governo nacional para a pressão que se exige dura e persistente em prol da valorização que o nosso legado merece. Um governo local faria com toda a certeza uma gestão mais cuidada e dava-lhe um outro valor.


http://www.lavozdeasturias.es/noticias/noticia.asp?pkid=340065?name=News&file=article&sid=3429/

Domínio ".gal" apoiado pelo Eixo-Atlântico




















A vontade de haver um domínio que represente a cultura galega já vem de há algum tempo e move personalidades e entidades dos mais variados sectores. Esforços unem-se no sentido de obter junto das entidades responsáveis e reguladores dos domínios de internet uma autorização para a aprovação dum domínio galego.

O sucesso obtido com o domínio catalão .cat animou mais ainda os defensores desta causa. Este é um dos poucos domínios da internet a representar uma nação e a sua cultura dentro de um país. Após a sua criação milhares de páginas floresceram tendo por domínio a designação catalã.

O entusiasmo é agora maior e pressionam-se ainda mais as entidades na aprovação do domínio. Um movimento semelhante, defensor da mesma causa mas que pretendia a aprovação do domínio .gz abdicou em favor da Ponto.Gal.

Agora surge a notícia de que o Eixo-atlântico adere ao movimento. Com as suas dezoito cidades, nove de cada lado da raia. Sem dúvida que é um passo enorme para a boa conclusão do processo e para o concretizar da existência de um domínio de internet que represente a cultura galega. E, para as cidades do norte de Portugal, um passo importante na afirmação da sua galeguidade.


http://http://www.vieiros.com/nova/58123/todas-as-cidades-do-norte-de-portugal-e-galiza-sumanse-a-puntogal?name=News&file=article&sid=3429/

terça-feira, 8 de maio de 2007

União, de facto!

E se o Norte de Portugal e a Galiza se casassem? O que teríamos? Muito provavelmente dar-se-ia um casamento consaguíneo e ao final de alguns episódios descobriríamos que afinal haviam-se casado duas irmãs. As duas Galizas, separadas em tempos idos. Que se separaram por obra do acaso e vontade gananciosa dos homens. Ao fim de uns anos reencontram-se. Descobrem um sem número de coisas e comum. Falam a mesma língua, pensam de maneira igual, descobrem-se. Apaixonam-se! Qual dois namorados extasiados pelo encontro da sua alma gémea, não suspeitam das semelhanças mais que evidentes. Fazem planos para o futuro e alicerçam a sua relação. O destino? Só o futuro o dirá...

Esta poderia ser a continuação poética da pergunta deixada no ar por Jorge Laiginhas. Poética, mas no entanto real. É normal a atracção mútua que ambas as Galizas (Comunidade Autónoma da Galiza e Norte de Portugal) sentem entre si. É o desejo de tornarem a unir-se e decidir por si o seu caminho. Viver junto em casa dos pais e viver junto numa casa oferecida pelos pais é completamente diferente. É precisamente neste segundo caso que ambos tenhem de se inserir. Esquecer o passado traumático proporcionado pela relação agudizante com os pais e aproveitar a casa que ambos lhe disponibilizam.

Os motivos que hoje fazem com que ambos se atraiam são mais do factor económico. Porque sabem que, juntos, poderão superar as dificuldades e enfrentar com optimismo o futuro vindoiro. Cientes das suas necessidades e conhecedores da sua realidade, quem melhor que eles, juntos, para definir o melhor para si? Com o potencial de 6 milhões de habitantes, com uma cultura, uma mentalidade e uma língua comum... Seria um desperdício e muita falta de visão estratégica não tirar partido disto.

União de facto?

Apresento um artigo de opinião de Jorge Laiginhas, saído hoje no JN:















E se o Norte de Portugal e a Galiza se casassem?!...

Jorge Laiginhas , Escritor

O professor Universitário Alberto Castro escreveu, a 17 de Abril neste jornal, que "com a chegada da democracia a Espanha, os desejos de autonomia de algumas regiões, entre as quais a Galiza, reacenderam-se e obtiveram consagração. Do lado de cá, havia as regiões-plano e as respectivas comissões de coordenação. Os intercâmbios entre o Norte e a Galiza intensificaram-se e as assimetrias de poder de decisão começaram a vir ao de cima. Enquanto do lado de lá uma discussão podia acabar com a fixação de um objectivo e um orçamento estipulado, do lado português elaboravam-se relatórios para os vários ministérios da tutela. E ficava-se a aguardar."

É verdade que povo português recusou, em referendo, a regionalização. Pudera! Deram-lhe a escolher entre omeleta de feijões e omeleta de feijocas. O povo, confuso, escolheu continuar a comer caldo de couves.

Os nossos governantes sabem que regionalizar implica partilhar. Sim. Partilhar tudo. Também o poder. É esse o motivo porque a criação de regiões administrativas não avança.

Os políticos, os nossos políticos, até se dizem regionalistas, que sim, sim senhor, quando estão na oposição, que "nim", "nim" senhor, aquando das campanhas eleitorais, e, já anchos de poder, vomitam que é necessário "um consenso político sobre a necessidade de se fazer a regionalização".

Entrementes, medram os eucaliptos em Lisboa e medram as giestas em quase dois terços do país!

Cá pelas bandas do Norte - é aos nortenhos que o cronista se dirige - começa a crescer um sentimento que foi já semeado em tempos de antanho o nosso futuro ainda é possível. Aqui. E é possível se assumirmos, colectivamente, uma atitude mais arrojada. Esqueçamos o eucaliptal de Lisboa e voltemo-nos para a Galiza. Sim, para a Galiza. A Região Norte de Portugal e a Galiza formam um território de 50 000 quilómetros quadrados onde vivem seis milhões de pessoas unidas por uma cultura comum. É o Noroeste Peninsular.

O Noroeste Peninsular é constituído por um sistema urbano de média dimensão, disseminado uniformemente por todo o território. Nove cidades no Norte de Portugal e nove cidades na Galiza que já partilham intimidades que apenas cidades irmãs é costume partilharem.

A economia do Noroeste Peninsular está enraizada. Vinhos únicos no Mundo, têxteis que inventam as cores, mobiliário que faz a ponte entre a memória e o imprevisível, construção naval com história, frutos do mar, e frutos dos rios, e frutos das rias, gastronomia, água, água salgada, água doce, montanhas e vales, um ano inteiro de estâncias termais…

Uma rede de universidades de excelência dá-nos a garantia de que o Noroeste Peninsular vai estar lá, onde estiver o futuro.

O Norte de Portugal e a Galiza - libertos das fronteiras artificiais a que Lisboa e Madrid os amordaçaram em tempos idos- deram-se à conversa, cada qual com o seu timbre de voz. Há quem diga que até já namoram. E se o Norte de Portugal e a Galiza se casassem?!...

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Os Complexos e as Reclamações



















Após ler a entrevista prestada por Valente de Oliveira ao JN fico com uma sensação de que as coisas cada vez mais se compõem e seguem o caminho que culminará com a criação de regiões, a breve prazo. O facto de algumas vozes começarem a apontar a desnecessidade da realização de um referendo, apelando à urgência da situação, é espelho da gravidade do estado em que nos encontramos (todos, não apenas nós) e do estado de saúde da economia portuguesa. Prescindir da região mais industrializada do país, esquecê-la e - pior que tudo - sufocá-la, é atentar contra a própria economia do país.

Não sei quais as razões que levaram a que taís políticas se fizessem valer e que contribuíram para o declínio da situação económica da região mais dinamizadora do país. Ou talvez não me apeteça falar delas, apesar de as saber, pois não acredito na sua inocência. Sei é que ao criar o estigma do provincianismo dos políticos nortenhos, determinadas pessoas estavam a ser mais provincianas ainda, juntando-lhe uma dose enorme de más-intenções.

Além do estigma criado em redor dos nossos políticos - fazendo com que frases feitas como "só sabem reclamar" ou "são ricos e ainda querem mais" entrassem diariamente nos nossos ouvidos vindo dos mais variados sectores da comunicação social - criou-se também o estigma negativo de que qualquer iniciativa a fim de promover ou de enaltecer uma virtuosidade desta região se tornasse sinónimo de um sentimento regionalista, logo negativo e causador de divisões desnecessárias num país tão unido e unicultural. Um estudo de uma Universidade portuense a divulgar factores económicos era uma forma de regionalismo provinciano e ultrapassado. Qualquer, mas qualquer coisa, que fosse relacionada com o Norte, vindo de entidades ou instituições nortenhas significavam pequenez, mesquinhez, complexos de inferioridade. Porém, se uma qualquer instituição alentejana enaltecesse os cantares alentejanos era visto como forma de orgulho e não como um perigo para a integridade nacional.

Ha que ultrapassar este complexo de afirmação na nossa identidade e todos devemos unir-nos com o intuito de melhorarmos, evoluirmos e recuperarmos o estatuto de região líder do país, pois isso não revela problema algum. Revela sim é competência, dignidade e competitividade. Que são atributos que estão em falta e que se revelam necessários para o processo de recuperação económica da região. Deixemos de ter os complexos de que quem reclama é como quem mendiga. Quem reclama é porque quer mais. É porque se sente injustiçado. É porque quer crescer e não pode. Deixem-nos respirar e seguir caminho pelos nossos pés. Evoluiremos. E o país também.

A Urgência na Regionalização











Entrevista a Valente Oliveira, vice-presidente da AEP

Parece que foi ontem que o Norte estava entre as dez regiões mais industrializadas da Europa. Mas o Mundo mudou, a economia afundou-se e, com ela, a qualidade de vida das pessoas. Valente de Oliveira reconhece responsabilidades no Norte e em Lisboa, mas recusa esperar pela iniciativa da capital. A região tem que formar os seus próprios lideres e "protestar, protestar, protestar" pela defesa dos seus interesses. E convencer o país a avançar com a regionalização. Quem o diz, do alto dos seus 70 anos, sabe do que fala pois estuda o país e conhece o Norte e os seus problemas como poucos

JN|A crise que o Norte atravessa já estava anunciada há muito. Era possível evitá-la?

Valente de Oliveira|A crise tem causas profundas, o mundo mudou muito e muito rapidamente. Quem não estava metido no modelo da economia de então tinha mais facilidade, mas nós, que somos uma velha região industrial, estávamos amarrados a tecnologias, a modos de proceder, a mercados. Fomos uma das dez maiores regiões industriais da Europa, ainda há pouco tempo, o que confere uma força muito grande, dá características tecnológicas, de organização, uma mentalidade especial aos agentes económicos. Não seria a mesma coisa se não tivéssemos uma marca tão grande. Mesmo assim, há gente que se soube adaptar muito bem e fazer a mudança com grande determinação.

Essas pessoas estão a criar a dinâmica necessária para puxar a região?

São essas que, para já, estão a aguentar as exportações. Que sejam capazes de arrastar todas as outras, não tenho a certeza, ou antes, parece-me muito difícil. Porque em primeiro lugar não comunicam facilmente os seus segredos. O que é preciso é fazer outras coisas, noutras indústrias mais complicadas. Mas se formos a ver indústrias muito tradicionais, como os têxteis e o calçado, há gente que está a dar a volta. O que é preciso? Descontrair mais, estar aberto a mudanças, à introdução de novos sectores. E estamos com alguma rigidez, nomeadamente na lei laboral. Não se pode fazer a reconversão com leis tão rígidas no campo laboral, que não permitam já a mudança tecnológica e de organização. Quando se aparece sem vínculos para trás é melhor. É um esforço muito grande que é pedido.

A lei laboral está a ser revista, tudo indica que no sentido da maior liberalização…Que é indispensável…

Mas a curto prazo tem impacto no desemprego...

É verdade, mas se virmos o que fizeram os outros países… A Espanha, no tempo do Felipe González (um primeiro-ministro socialista), aguentou taxas de desemprego de vinte e tal por cento. É preciso arranjar mecanismos adequados de apoio no desemprego? É, naturalmente. Não se pode dar volta à estrutura industrial com mais um grau de dificuldade, de amarração. É preciso não comprometer. Porque o resto já é tão complicado! A parte tecnológica, dos mercados, a internacionalização, o lidar com nova gente, o ter que fazer parcerias com estrangeiros... Quem é que está a dar a volta, tirando a China? A Índia, a Irlanda… A Irlanda é um elemento de comparação complicado.

Tem muitas vantagens que Portugal não pode ter…

Começa pela língua e, depois, uma educação enorme. Nós somos o outro lado do espelho. Começamos com as infra-estruturas. A Irlanda começou com formação e hoje tem um problema enorme de infra-estruturas. Não quero desculpar o passado. Ainda hoje se deve atender mais à educação e formação profissional.

O Norte tem um grave problema de desemprego. Como pode ser ultrapassado?

Fico sempre intrigado quando falo com empresários que dizem não conseguir arranjar mão-de-obra. E há desemprego. Por muito estranho que pareça, para resolver esse problema é preciso a flexibilização das leis laborais, que permitam restringir a mão de obra e viabilizar empresas; e a formação profissional e a educação, temos que lhe dar uma ênfase muito grande. Diante do desemprego o que podemos fazer? Educação e formação profissional e, por muito insólito que pareça, maior flexibilidade no mercado de trabalho.

Apoia a política reformista deste Governo?

Sim sim, apoio o espírito reformista de uma maneira geral. O reformismo deve ser permanente e por pequenos passos, particularmente em Portugal, porque quando se fazem grandes reformas o que habitualmente acontece é que vai a água suja do banho e o bebé junto, como dizem os ingleses, e eu quero ficar com o bebé. O importante é que consigamos actores novos.

Há líderes no Norte?

Tenho a vantagem de dizer isto há 30 anos: precisamos de líderes não só científicos (que temos), não só empresariais (que temos), mas políticos. Precisamos de líderes regionais. Não pode ser um líder local transformado em regional, sem ser legitimado pelo voto regional. Isso é fatal. O que é que se precisa neste momento? De alguém com poder de convocatória grande, para convocar as universidades, associações, empresas, serviços, para resolver problemas de isolamento. Não há redes, precisamos de alguém com legitimidade para as tecer.

Há pessoas que podem tornar-se esses líderes?

Acho que sim.

Quer identificar?

(...)


Continuar a ler em:

http://jn.sapo.pt/2007/05/03/dossier/_Precisamos_de_l_deres_n_o_s_.html?name=News&file=article&sid=3429/