terça-feira, 11 de agosto de 2009

É português por estar dentro dos limites do território?



















Agora que ando virado para a música, mais propriamente para a aprendizagem da gaita, tenho pesquisado muito acerca deste assunto e encontrado muita literatura e opiniões. Nos vários grupos que tenho encontrado, os portugueses comportam um reportório próprio e limitado ao que é denominado fronteira portuguesa. Ou seja, aos limites do território português.

E vejo que muitos deles incorporam temas como "Heilena", "Binte e Cinco", "Pingacho" e outros, todos da região de Miranda do Douro. Por oposição, ou por limite de horizonte, os temas de Sanábria já não entram no seu reportório por serem considerados temas espanhóis. Quando a sua sonoridade é em tudo idêntica aos temas originários das Terras de Miranda, bem como em tudo igual é a sonoridade das duas gaitas. Duas, porque são classificadas de Mirandesa, uma, e de sanabresa a outra, apesar de muitos não concordarem com esta diferenciação, por as gaitas não apresentarem diferenças relevantes na sua morfologia.

Estamos a falar de uma cultura própria, de uma zona que reflecte profundas afinidades culturais, que se estendem pola área da música e que, por força de estar dividida pelos dominadores Portugal e Espanha, são encarados como duas culturas distintas e próprias de um e de outro. Perdem a sua identidade própria e passam a ser produto português e espanhol, dignos de figurarem em qualquer catálogo turístico de promoção do Douro ou de Castilla-León!

Há uma evidente apropriação da cultura alheia. Neste e noutros assuntos semelhantes. A visão centralista com que esta apropriação é feita desvirtua a sua genuinidade. A visão de quem se sente português e toca um tema de Miranda, porque Miranda é portuguesa está errada porque o conceito de português aqui não se aplica, uma vez que falamos de uma cultura comum a todo o Noroeste Peninsular que já existiam muito antes de formadas as fronteiras dos nobres - e não dos homes!

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