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Joana Amorim
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) quer ter um papel activo na futura gestão privada do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. E Ludgero Marques deixa ainda claro que a AEP terá de ter uma posição confortável, uma vez que não está para ser comandada. Claramente a favor dos privados, o empresário considera que as companhias aéreas "low cost" são vitais para o futuro do aeroporto. E, como seria de esperar, vai deixando recados ao Governo, que acusa de tratar o Porto como "uma cidade pequena qualquer".
A AEP junta-se à Sonae e à Junta Metropolitana do Porto na corrida pela gestão do aeroporto Francisco Sá Carneiro. De que forma? Está tudo em aberto, garante Ludgero Marques ao JN. O importante é salvaguardar uma plataforma estratégica para o Norte, região "que está a definhar" não por culpa das suas gentes, mas de vários governos, diz.
JN|A AEP constituiu, no passado, um consórcio com empresas do Norte para concorrer à privatização do aeroporto Francisco Sá Carneiro. Vai "ressuscitar" esse consórcio?
Ludgero Marques|A importância do aeroporto do Porto é muito grande para o desenvolvimento desta região [Norte]. Para termos uma maior visibilidade internacional não basta ter um aeroporto bom, bonito e funcional como o que temos, feito com pouco dinheiro mas mesmo assim com grande qualidade. Precisamos de ter um aeroporto capaz de atrair companhias aéreas que nos possam levar para as diversas capitais do Mundo.
E qual será o papel da AEP?
Enquanto instituição representativa do empresariado português, a AEP respondeu sempre às necessidades que lhe eram exigidas. Fomos nós, até, que potenciámos o aparecimento da primeira companhia aérea entre Porto-Lisboa a LAR - Linhas Aéreas Regionais. Em todas as reuniões que se fizeram aqui no Porto com os ministros João Cravinho e Jorge Coelho nós tivemos sempre presentes e activos. Nessa altura, os ministros vinham ao Porto e conversavam connosco e com mais pessoas
E agora não vêm?
e muito do que está feito hoje no aeroporto do Porto é resultante das nossas pressões. E não queremos ser esquecidos de maneira nenhuma disso.
Essa disponibilidade já está planeada?
Não temos nenhum planeamento específico. Temos é uma disponibilidade total para podermos ser incorporados ou incorporar parceiros que tenham condições para gerir um aeroporto. Mas que não seja gerido apenas de uma forma economicista, porque aí correríamos o risco de os preços poderem ser caros e orientados apenas para as áreas que interessariam a um consórcio exclusivamente economicista.
E está mais disponível para incorporar ou ser incorporada?
Estamos disponíveis para tudo o que seja bom para o Norte, quer seja de acções da nossa iniciativa ou da iniciativa de outros. O que não poderemos é ser totalmente comandados. Temos que ter alguma posição para que se justifique a nossa presença.
Qual o modelo que agradaria mais à AEP o público-privado ou o exclusivamente privado?
Sou apologista sempre da parte privada. Mas também aposto na público-privada quando a privada não responder totalmente aos anseios que existem.
Discorda então do ministro Mário Lino que já veio a público dizer que a gestão privada seria a morte do Sá Carneiro.
Acho que o eng.º Mário Lino vai mudar de opinião outra vez. Já mudou uma vez ou duas ou três
O futuro do aeroporto passa pelas "low cost"?
É importante que estejam cá. As "low cost" podem trazer para esta zona muito mais turistas.
Por falar em turismo, é dos poucos sectores em alta na economia do Norte. O Norte está a definhar?
O nosso Norte tem de reaparecer. O Norte está a definhar, mas a culpa não é da gente do Norte. A culpa é da distribuição que os governos têm feito. Às vezes fico com a ideia de que o Governo não pretende ter uma segunda cidade forte, pretende ter muitas cidades pequenas. O Porto está a ser tratado como uma cidade pequena qualquer.
E continua a defender que a solução passa pela descentralização e não pela regionalização?
Se for igual àquela [regionalização] que queriam fazer sou 100% contrário. Se falar em autonomias já começo a pensar Mas penso que isso não é possível.
É isso que explica a pujança da economia galega?
Porque tem a gasolina mais barata (risos).
E criou verdadeiros clusters...
A regionalização como estava pensada - distribuir mais funcionários pelo país mas comandados por Lisboa - não interessa. Agora se tivermos outro tipo de autonomia, recebermos dinheiro à moda do [Alberto João] Jardim, pronto Mas não tenho grandes expectativas de que isso aconteça.
O QREN é a derradeira oportunidade para a região?
Está anunciado como tendo muito dinheiro. Agora depende da forma como vai ser distribuído. O Ministério da Economia tem anunciado uma quantidade de aprovações de projectos. De 15 em 15 dias vem assinar por aí papéis destes projectos. Espero que não aconteça o mesmo que se passou com a formação no fim dos anos 80.
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