Notícia o Jornal de Notícias de hoje, 28 de Abril:
Milhares saíram à rua para saudar os gaiteiros
Em regra anunciam as festas, mas ontem foram eles os "festeiros". Grupos de gaiteiros da região Centro e alguns convidados vindos do Norte, a que se juntaram, espontaneamente, representantes de outras partes do país, reuniram-se ontem na Pena, concelho de Cantanhede. O quinto encontro regional de gaiteiros reuniu cerca de uma centena de músicos amadores tocadores de bombos e gaitas de foles.
"É uma manifestação popular da música em homenagem aos músicos de Pena, uma aldeia que chegou a ter vários grupos musicais", explicou ao JN Carlos Jorge Simões, um dos elementos da organização. Nem todos têm formação musical. Por tradição tocavam de ouvindo, sendo que hoje existem escolas de música para gaiteiros a surgir um pouco por todo o país. Promovido pelo Centro Cultural e Recreativo da Pena (CCRP), o encontro é já uma referência regional e começa a ter visibilidade nacional. Prova disso foi a vinda espontânea de 15 elementos ligados à Associação Gaita-de-foles de Lisboa. Também o grupo Rocos & Curiscos, ligado à Academia de Música de Ançã, do concelho de Cantanhede, se juntou à iniciativa pelo prazer do convívio e para praxar novos músicos. Convidados estavam os "Gaiteiros da Ponte Velha", de S. Tirso e vindos de Braga na companhia de gigantones e cabeçudos estiveram presentes os "Gaiteiros Ida e Volta". A festa durou todo o dia com arruadas pelas ruas da aldeia e milhares de pessoas a assistir às actuações de alguns dos grupos em Cantanhede e Portunhos. A animação esteve também presente num almoço convívio que serviu para a apresentação de uma mostra gastronómica da região.
Licínia Girão
segunda-feira, 28 de abril de 2008
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Entrevista a Ludgero Marques
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Joana Amorim
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) quer ter um papel activo na futura gestão privada do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. E Ludgero Marques deixa ainda claro que a AEP terá de ter uma posição confortável, uma vez que não está para ser comandada. Claramente a favor dos privados, o empresário considera que as companhias aéreas "low cost" são vitais para o futuro do aeroporto. E, como seria de esperar, vai deixando recados ao Governo, que acusa de tratar o Porto como "uma cidade pequena qualquer".
A AEP junta-se à Sonae e à Junta Metropolitana do Porto na corrida pela gestão do aeroporto Francisco Sá Carneiro. De que forma? Está tudo em aberto, garante Ludgero Marques ao JN. O importante é salvaguardar uma plataforma estratégica para o Norte, região "que está a definhar" não por culpa das suas gentes, mas de vários governos, diz.
JN|A AEP constituiu, no passado, um consórcio com empresas do Norte para concorrer à privatização do aeroporto Francisco Sá Carneiro. Vai "ressuscitar" esse consórcio?
Ludgero Marques|A importância do aeroporto do Porto é muito grande para o desenvolvimento desta região [Norte]. Para termos uma maior visibilidade internacional não basta ter um aeroporto bom, bonito e funcional como o que temos, feito com pouco dinheiro mas mesmo assim com grande qualidade. Precisamos de ter um aeroporto capaz de atrair companhias aéreas que nos possam levar para as diversas capitais do Mundo.
E qual será o papel da AEP?
Enquanto instituição representativa do empresariado português, a AEP respondeu sempre às necessidades que lhe eram exigidas. Fomos nós, até, que potenciámos o aparecimento da primeira companhia aérea entre Porto-Lisboa a LAR - Linhas Aéreas Regionais. Em todas as reuniões que se fizeram aqui no Porto com os ministros João Cravinho e Jorge Coelho nós tivemos sempre presentes e activos. Nessa altura, os ministros vinham ao Porto e conversavam connosco e com mais pessoas
E agora não vêm?
e muito do que está feito hoje no aeroporto do Porto é resultante das nossas pressões. E não queremos ser esquecidos de maneira nenhuma disso.
Essa disponibilidade já está planeada?
Não temos nenhum planeamento específico. Temos é uma disponibilidade total para podermos ser incorporados ou incorporar parceiros que tenham condições para gerir um aeroporto. Mas que não seja gerido apenas de uma forma economicista, porque aí correríamos o risco de os preços poderem ser caros e orientados apenas para as áreas que interessariam a um consórcio exclusivamente economicista.
E está mais disponível para incorporar ou ser incorporada?
Estamos disponíveis para tudo o que seja bom para o Norte, quer seja de acções da nossa iniciativa ou da iniciativa de outros. O que não poderemos é ser totalmente comandados. Temos que ter alguma posição para que se justifique a nossa presença.
Qual o modelo que agradaria mais à AEP o público-privado ou o exclusivamente privado?
Sou apologista sempre da parte privada. Mas também aposto na público-privada quando a privada não responder totalmente aos anseios que existem.
Discorda então do ministro Mário Lino que já veio a público dizer que a gestão privada seria a morte do Sá Carneiro.
Acho que o eng.º Mário Lino vai mudar de opinião outra vez. Já mudou uma vez ou duas ou três
O futuro do aeroporto passa pelas "low cost"?
É importante que estejam cá. As "low cost" podem trazer para esta zona muito mais turistas.
Por falar em turismo, é dos poucos sectores em alta na economia do Norte. O Norte está a definhar?
O nosso Norte tem de reaparecer. O Norte está a definhar, mas a culpa não é da gente do Norte. A culpa é da distribuição que os governos têm feito. Às vezes fico com a ideia de que o Governo não pretende ter uma segunda cidade forte, pretende ter muitas cidades pequenas. O Porto está a ser tratado como uma cidade pequena qualquer.
E continua a defender que a solução passa pela descentralização e não pela regionalização?
Se for igual àquela [regionalização] que queriam fazer sou 100% contrário. Se falar em autonomias já começo a pensar Mas penso que isso não é possível.
É isso que explica a pujança da economia galega?
Porque tem a gasolina mais barata (risos).
E criou verdadeiros clusters...
A regionalização como estava pensada - distribuir mais funcionários pelo país mas comandados por Lisboa - não interessa. Agora se tivermos outro tipo de autonomia, recebermos dinheiro à moda do [Alberto João] Jardim, pronto Mas não tenho grandes expectativas de que isso aconteça.
O QREN é a derradeira oportunidade para a região?
Está anunciado como tendo muito dinheiro. Agora depende da forma como vai ser distribuído. O Ministério da Economia tem anunciado uma quantidade de aprovações de projectos. De 15 em 15 dias vem assinar por aí papéis destes projectos. Espero que não aconteça o mesmo que se passou com a formação no fim dos anos 80.
terça-feira, 22 de abril de 2008
O Exemplo de Guimarães
Artigo de opinião, do Jornal de Notícias de hoje:
O exemplo de Guimarães
Alberto Castro, Professor universitário
Aexistência de uma rede de cidades de dimensão média, cada uma com a sua história, cultura, especificidade e a sua vontade de protagonismo próprio, tem sido apontada como uma força da Região Norte. Os centralistas têm procurado passar a ideia de que a pretensão do Porto em se afirmar como segunda cidade do país colidiria com o desenvolvimento desses pólos. A eventual regionalização, em que o Porto emergiria como a capital da região, apenas reforçaria essa lógica, subalternizando e instrumentalizando os projectos dessas outras cidades. O Porto estaria para o Norte como Lisboa para o país. Ajudado por erros próprios, esse discurso passou, como se viu no referendo sobre a regionalização, com o resto do Norte a votar, esmagadoramente, contra. Para desfazer aquela ideia, importa alterar o discurso e as práticas. O Porto deve assumir-se como o porta-voz de um modelo de desenvolvimento diferente. Não deve pedir para si, mas reivindicar que se faça de outro modo. No tempo, poderia ter argumentado que, quando foi criada, a Autoridade da Concorrência deveria ficar sediada em Coimbra, onde existem competências naquele domínio. Ou que a Agência de Segurança Marítima ficaria melhor em Aveiro ou Viana do Castelo ou Faro. E, noutros tantos casos, poderia encontrar argumentos para que os beneficiários fossem Bragança, Viseu ou Évora.
Perguntar-se-á quem, na ausência de um poder regional, pode falar em nome do Porto? Respondo: todos os actores relevantes, desde os políticos até à sociedade civil. Para isso é preciso ir percorrendo um caminho de construção de consensos sobre o papel do Porto numa nova economia. Se for esse o propósito, ao contrário do que alguns escribas centralistas querem fazer crer, não há discussão ou debates a mais, seja no Porto.
A proposta da Sonae para gerir o aeroporto Sá Carneiro pode, como aqui já argumentei, ser um excelente exemplo do envolvimento interinstitucional e intra-regional que é necessário para dar à região o protagonismo e o dinamismo de que o país precisa. Belmiro de Azevedo anunciou que faz, ainda, parte do seu projecto a afectação, à promoção turística do Norte, do excedente acima do objectivo mínimo de rentabilidade de exploração fixado. Uma excelente proposta, consentânea com a tradição de fazer recair nos ombros da iniciativa privada o dinamismo da economia nortenha e a mostrar que nem só de QREN vive o Norte.
Num Norte policêntrico, o Porto será o núcleo de uma rede com pólos fortes, com a sua própria identidade e protagonismo. Guimarães é, a esse título, um caso a ter em conta. Pela mão do seu discreto presidente da Câmara, António Magalhães, a cidade tem vindo a traçar e concretizar uma estratégia exemplar, traduzida na classificação do seu Centro Histórico como património mundial ou na recuperação e edificação do Centro Cultural Vila Flor. A designação de Guimarães para capital europeia da cultura em 2012 é, por uma vez, um acto de justiça. Que ao mesmo tenha estado ligada uma ministra natural de Braga não deixa de ser simbólico de uma nova mentalidade que ultrapassa invejas serôdias, alimentadas, durante muitos anos, pelo Poder Central.
Em paralelo, o desempenho desportivo do Vitória local tem dado à cidade uma visibilidade mediática que de outro modo, provavelmente, não teria. Para além da sensacional carreira da sua equipa de futebol, o Vitória ganhou, recentemente, a Taça de Portugal de Basquetebol e o Campeonato de Voleibol. A forma como conseguiu estes dois títulos demonstra uma vontade de vencer, uma unidade de grupo e uma orientação paradigmática. No basquetebol, a perder por 6 pontos a pouco tempo do fim, conseguiu, ainda assim, dar a volta ao resultado, ganhando a um Porto sobranceiro e displicente, tudo isto já depois de ter eliminado o campeão nacional. No voleibol, a perder 2-1 em jogos e 2-0 em sets, conseguiu vencer os 3 sets seguintes, empatar a final e ir ganhar, a casa do adversário, o último jogo e o respectivo campeonato.
É desta vontade de prosseguir um projecto próprio, desta determinação, deste acreditar, deste espírito guerreiro que nunca desiste que a região precisa. Se o exemplo de Guimarães puder ser emulado e frutificar noutras cidades, a região só fica a ganhar.
Declaração de interesses portista e natural de Braga (o meu segundo clube, cuja vergonhosa desorientação está nos antípodas do Vitória), não me poderão acusar de parcialidade no que acima ficou escrito.
Alberto Castro escreve no JN, semanalmente às terças-feiras.
O exemplo de Guimarães
Alberto Castro, Professor universitário
Aexistência de uma rede de cidades de dimensão média, cada uma com a sua história, cultura, especificidade e a sua vontade de protagonismo próprio, tem sido apontada como uma força da Região Norte. Os centralistas têm procurado passar a ideia de que a pretensão do Porto em se afirmar como segunda cidade do país colidiria com o desenvolvimento desses pólos. A eventual regionalização, em que o Porto emergiria como a capital da região, apenas reforçaria essa lógica, subalternizando e instrumentalizando os projectos dessas outras cidades. O Porto estaria para o Norte como Lisboa para o país. Ajudado por erros próprios, esse discurso passou, como se viu no referendo sobre a regionalização, com o resto do Norte a votar, esmagadoramente, contra. Para desfazer aquela ideia, importa alterar o discurso e as práticas. O Porto deve assumir-se como o porta-voz de um modelo de desenvolvimento diferente. Não deve pedir para si, mas reivindicar que se faça de outro modo. No tempo, poderia ter argumentado que, quando foi criada, a Autoridade da Concorrência deveria ficar sediada em Coimbra, onde existem competências naquele domínio. Ou que a Agência de Segurança Marítima ficaria melhor em Aveiro ou Viana do Castelo ou Faro. E, noutros tantos casos, poderia encontrar argumentos para que os beneficiários fossem Bragança, Viseu ou Évora.
Perguntar-se-á quem, na ausência de um poder regional, pode falar em nome do Porto? Respondo: todos os actores relevantes, desde os políticos até à sociedade civil. Para isso é preciso ir percorrendo um caminho de construção de consensos sobre o papel do Porto numa nova economia. Se for esse o propósito, ao contrário do que alguns escribas centralistas querem fazer crer, não há discussão ou debates a mais, seja no Porto.
A proposta da Sonae para gerir o aeroporto Sá Carneiro pode, como aqui já argumentei, ser um excelente exemplo do envolvimento interinstitucional e intra-regional que é necessário para dar à região o protagonismo e o dinamismo de que o país precisa. Belmiro de Azevedo anunciou que faz, ainda, parte do seu projecto a afectação, à promoção turística do Norte, do excedente acima do objectivo mínimo de rentabilidade de exploração fixado. Uma excelente proposta, consentânea com a tradição de fazer recair nos ombros da iniciativa privada o dinamismo da economia nortenha e a mostrar que nem só de QREN vive o Norte.
Num Norte policêntrico, o Porto será o núcleo de uma rede com pólos fortes, com a sua própria identidade e protagonismo. Guimarães é, a esse título, um caso a ter em conta. Pela mão do seu discreto presidente da Câmara, António Magalhães, a cidade tem vindo a traçar e concretizar uma estratégia exemplar, traduzida na classificação do seu Centro Histórico como património mundial ou na recuperação e edificação do Centro Cultural Vila Flor. A designação de Guimarães para capital europeia da cultura em 2012 é, por uma vez, um acto de justiça. Que ao mesmo tenha estado ligada uma ministra natural de Braga não deixa de ser simbólico de uma nova mentalidade que ultrapassa invejas serôdias, alimentadas, durante muitos anos, pelo Poder Central.
Em paralelo, o desempenho desportivo do Vitória local tem dado à cidade uma visibilidade mediática que de outro modo, provavelmente, não teria. Para além da sensacional carreira da sua equipa de futebol, o Vitória ganhou, recentemente, a Taça de Portugal de Basquetebol e o Campeonato de Voleibol. A forma como conseguiu estes dois títulos demonstra uma vontade de vencer, uma unidade de grupo e uma orientação paradigmática. No basquetebol, a perder por 6 pontos a pouco tempo do fim, conseguiu, ainda assim, dar a volta ao resultado, ganhando a um Porto sobranceiro e displicente, tudo isto já depois de ter eliminado o campeão nacional. No voleibol, a perder 2-1 em jogos e 2-0 em sets, conseguiu vencer os 3 sets seguintes, empatar a final e ir ganhar, a casa do adversário, o último jogo e o respectivo campeonato.
É desta vontade de prosseguir um projecto próprio, desta determinação, deste acreditar, deste espírito guerreiro que nunca desiste que a região precisa. Se o exemplo de Guimarães puder ser emulado e frutificar noutras cidades, a região só fica a ganhar.
Declaração de interesses portista e natural de Braga (o meu segundo clube, cuja vergonhosa desorientação está nos antípodas do Vitória), não me poderão acusar de parcialidade no que acima ficou escrito.
Alberto Castro escreve no JN, semanalmente às terças-feiras.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Galegos discutem acordo na Assembleia
Na discussão do novo acordo ortográfico, tiveram a oportunidade de participar os presidentes da AGAL - Associaçom Galega da Língua - e da Academia Galega da Língua Portuguesa. As suas intervenções serviram para vincar a sua aproximação à lusofonia e esclarecer alguns que possam andar mais distraídos acerca da questão linguística e da imposição do castelhano que padecem os galegos do norte.
À cada vez mais crescente adesão das pessoas ao reintegracionismo, junta-se agora a participação galega na discussão do acordo, o que poderá contribuir mais e melhor para a aceitação do galego, na sua forma histórica, por parte dos galegos. E com todo o direito. O galego como variante da língua portuguesa (ou vice-versa) deve participar nestas discussões e defender os seus interesses e pontos de vista.
Cada vez mais, na parte norte da Galiza, as pessoas aceitam o reintegracionismo, por perceberem que, na norma portuguesa ou na norma AGAL, é a aproximação do galego à sua ortografia histórica, ao invés da norma RAG, cujo respeito que demonstra é o respeito polo castelhano, apenas. É ver em Vieiros os comentários e perceber que há um maior número de pessoas a escrever na norma padrão portuguesa ou na norma AGAL. É ver o número de páginas de internet que escrevem reintegrado. É ver o número de empresas - através do muito importante contributo da Galempresas - a adoptar o galego como língua de trabalho. Mesmo os que são defensores e escrevem na norma da Real Academia Galega começam, muitos deles, a respeitar os que adoptaram o reintegracionismo e a dissociá-lo de algum bicho papão. Que não é!. E fazem bem! O reintegracionismo é, na minha humilde opinião - a salvação do galego como língua escrita e falada. Integrada num universo de 250 milhões de falantes, partilha um espaço comum vasto, com todas as potencialidades que isso poderá atrair.
Acima deixo duas ligações às intervenções de Alexandre Banhos, presidente da Associaçom Galega da Língua, e de Ângelo Cristóvão Vicente, presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa.
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