terça-feira, 5 de junho de 2007

A Imprensa e o seu Papel




















De há uns tempos para cá o Jornal de Notícias (JN) tem assumido um papel activo no processo da regionalização. Foi mesmo o primeiro órgão de comunicação social a lançar e a promover o debate, de uma forma regular e por forma a que o assunto não caia no esquecimento. As suas análises à economia da região Norte e a comparação dela com outras regiões do país e com a irmã Galiza lançaram o alerta para a situação preocupante em que nos encontramos actualmente. As suas entrevistas a figuras públicas e com voz na região contribuiram não só para a continuidade do alerta dado, mas também para promover eventuais líderes e dirigentes que poderão assumit um papel preponderante no futuro da região. Ao entrevistá-los está também a tentar extrair dessas personalidades uma que reúna o consenso e que possa vir a ser o líder desta região.


Entrando nesta linha de comunicação, o JN assumiu o seu papel de voz discordante e colocou-se do lado dos defensores da regionalização e dos que acreditam que esta é um passo fundamental para a recuperação económica da região. No imprensa actual, a um nível global, os jornais tendem a defender determinadas causas, consoante a sua tendência política ou a região do país que se encontram. E fazem-no de uma forma assumida, deliberada e com o intuito de lançar o debate para que a sua causa se sinta apoiada. Em Portugal havia esta lacuna no jornalismo. Os jornais falam muito acerca do governo e dos problemas nacionais com foco na capital, relegando para terceiro plano os problemas do país profundo. E os jornais regionais não tenhem a capacidade nem a expressão necessária junto da população para lançar o alerta de uma forma eficaz.

O JN veio, desta forma, preencher esta lacuna existente e exercer a prática de um jornalismo saudável, defensor dos direitos das populações e que asume uma voz de discórdia perante o panorama de crise nacional. O debate organizado no Palácio da Bolsa, no passado sábado, em que intervieram as vozes mais sonantes da região Norte e mesmo o presidente da Junta da Galiza foi um enorme passo para que o tema regionalização entre nas conversas diárias das pessoas e para que estas tenham a verdadeira noção da sua importância para o seu futuro, sem as desinformações e manipulações de informação levadas a cabo pelos centralistas. Louvemos pois o JN por esta sua atitude!

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá,

o que acontece é que na notícia mais recente, o JdN diz QUASE que na Galiza espanhola estamos felizes como macacos e que o nosso desenvolvimento é megaláctico e as nossas vidas bué de fixe.

E, claro, nada disso é assim... Aqui muito pessoal sobrevive com menos de 400 euros por mês. O que é uma proeça, sem deixar de ser pobreza...

Abraço,

Isabel

Anónimo disse...

mas aqui ainda ha mais gente que sobrevive ou melhor tenta sobreviver com 400.

o ordenado médio é o dobro, mas ordenado médio é ordenado médio, é a média. Logo claro que ha alguns que ganham 400 ou menos.

mesmo assim ganhar 400 eur na galiza espanhola é melhor do que ganhar 400 eur na galiza portuguesa, ja que as coisas sao muito mais baratas na galiza norte. Penso que é tudo mais barato, gasolina, roupa, comida, impostos, iva. Talvez a unica coisa k na seja mais barata agora é a habitaçao.

Anónimo disse...

Rui,

tem que pensar uma cousa: na Galiza há uma "autonomia", ou seja, há um (des)governo dependente de Madrid mas em certa medida, autónomo, que não é comparável a nenhuma câmara municipal da Galiza Sul ou portuguesa. Isso significa, por exemplo, que os trabalhadores todos desse governo (funcionários) cobram bem, um salário de + ou - 1.500 euros por mês. E essas cousas sobem as estatísticas.

Ora bem, um operário na Galiza, se encontra trabalho (que já é uma sorte!) não chega aos 600 euros por mês, trabalhando 12 horas. Por exemplo, qualquer empregado na Citröen de Vigo.

Algumas vilas pequenas (nós chamamos-lhe vilas pequenas àquelas de menos de 20.000 habitantes, que aqui temos muitas e acho são ainda mais pequenas do que as vilas pequenas na Galiza porguesa), digo, algumas vilas pequenas têm certo desenvolvimento industrial, como Lalim (Ponte Vedra), mas a trinta quilómetros para o Sul temos a vila da Estrada (Ponte Vedra) que está morta, apesar da sua proximidade à "capital" (Compostela, a 25 km).

É certo que nas feiras da Galiza espanhola podem-se comprar umas calças (jeans, de nenhuma marca conhecida, claro está) por 5 euros. Mas nas lojas de qualquer cidade, as calças não descem dos 80 euros.

Um dia temos que nos pôr a comparar preços de maneira sistemática. A ver aonde chegávamos.

Sam disse...

Cara Isabel,


Isso faz-me lembrar os indicadores económicos, ao serviço do governo, que dizem que Portugal está a recuperar 2, tal% ao ano, como "bem provam os números". E a taxa de desemprego, que desce, ao nível nacional.

Tendência para manipular a informação! Se formos espreme-la, reparamos que no norte do país o desemprego aumenta e a economia retrocede. Mas o povo gosta de ouvir isto. E qualquer dia não há crise alguma e estamos todos a viver muito bem.

E o que disse você acerca da situação aí a norte enquadra-se bem neste tipo de cenário. Fala-se que se vive bem, mas existem condicionantes que embelezam de outra forma os números reais...


Abraço

Oscar de Lis disse...

Estou com a Isabel e com o Calécia para desconfiar dos dados estatísticos, levem ou não, explicitamente, o logotipo do governo que for. E estou também em que as médias são as médias, cuja função é, principalmente, de melhorar o humor da população porquanto sempre será possível tirar um dado consolador. Talvez o que lhe falha ao Norte é uma autonomia política, ou algum tipo de união explícita com a Galiza na altura espanhola. Aqui vários professores universitários (cfr. Rubém Lois et al., USC) apontaram os benefícios para a euro-região se ela deixar de ser euro-região e passar-se a ser governo único. Sinceramente, concordo com a Isabel em que, fora isto, as diferenças económicas não são tão grandes. Acho que o realmente possitivo (por não dizer necessário) seria ir atingir, mais do que uma autonomia da Região Norte, uma reunião efectiva da Galiza com a Região Norte e vice-versa (união, não colonização), e inclusive a destruição explícita da fronteira tradicional do Minho (convertendo o ponto de separação em ponto de união). Fica claro que para a tal reunião será necessário antes que Portugal se descentralize, porque os Estados, de própria vontade, nem soem estar a favor da sua desmembração. Mas, o que quero dizer é que o processo não pode deter-se aí. Para a Região, uma independência político-económica não serve se logo se vê obrigada a reunir-se com o resto de Portugal. A expansão económica de uma Região Norte autónoma deverá passar, entre outros territórios, pela Galiza. Ademais, como já se tem apontado também, uma Portugaliza poderia estar melhor disposta para lutar pelos seus interesses tanto contra o centralismo português quanto contra o centralismo espanhol. Assim pois, é, no mínimo, uma questão de funcionalidade.