Responsáveis políticos da euro-região reúnem-se hoje em Guimarães para aprovar plano estratégico que reserva 73 milhões para a cooperação transfronteiriça
O tempo em que o Norte de Portugal e a Galiza funcionavam de costas voltadas está definitivamente enterrado. Representantes das duas regiões reúnem-se hoje, em Guimarães, para discutir a aplicação de 73 milhões de euros em projectos de cooperação transfronteiriça, entre 2007 e 2013.
Além de sublinhar a importância de fazer avançar a ligação ferroviária em alta velocidade entre o Porto e Vigo (as duas regiões comprometeram-se a escrever aos respectivos governos para exigir o cumprimento do calendário estabelecido - 2009-2013), o plano estratégico de cooperação Galiza-Norte de Portugal, a que o PÚBLICO teve acesso, abre a porta à gestão conjunta dos quatro aeroportos, bem como dos portos marítimos desta euro-região.
Apesar de não vir expressamente referida no documento, essa reivindicação prevê a criação de um consórcio transfronteiriço de transportes, com capitais públicos e privados. A ideia é pôr os três aeroportos galegos e o de Francisco Sá Carneiro, no Porto, a funcionarem em complementaridade ao nível dos preços, linhas e clientes. O mesmo se aplica aos portos da euro-região: Leixões e Viana, do lado português, e Vigo e Corunha, do lado galego.
O plano estratégico que é hoje discutido será gerido pelo futuro Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial, um organismo a criar até ao final do ano e que ficará localizado no Centro Tecnológico do Mar, em Vigo. Esta entidade vem substituir o actual Eixo Atlântico, representando igualmente os 18 principais municípios desta euro-região que soma cerca de 6,3 milhões de habitantes.
Ao PÚBLICO o vice-presidente da CCDR, Paulo Gomes, especificou que a cooperação vai incidir também no domínio marítimo, por via de uma gestão integrada da bacia dos rios Minho e Lima. No domínio da qualidade e da segurança alimentar, o objectivo é desenvolver em conjunto tecnologias de conservação de pescados e avançar com a certificação de produtos, também no sector da agricultura.
De igual modo, poder-se-á passar à gestão integrada dos parques naturais do Gerês e de Montesinho. "Faz todo o sentido uma aposta de intervenção integrada nestes espaços de fronteira", declarou o vice-presidente da CCDR, para quem "nunca como até agora se avançou de forma tão ambiciosa na cumplicidade entre as duas regiões".
Paulo Gomes sublinhou ainda que os 97 milhões de euros que a UE destinou à euro-região "são apenas um terço do montante obtido nos últimos sete anos", admitindo, por isso, que as duas regiões possam desviar até 10 por cento dos respectivos envelopes financeiros regionais para montar esquemas de intermodalidade no movimento de mercadorias, empresas e pessoas.
23%
Foi quanto aumentaram as exportações entre o Norte e a Galiza, nos últimos quatro anos, segundo Emílio Perez Touriño, que ontem participou num jantar-colóquio, no Porto, com políticos e empresários de ambas as regiões.
in PÚBLICO
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