segunda-feira, 28 de maio de 2007

Municipais Galiza 07














Estranho o pouco destaque dado às eleições municipais na Galiza. O que se fala é inserido num contexto global de municipais espanholas, não havendo uma análise pormenorizada nesta região que tanto tem em comum com o norte de Portugal, mas também com o país no seu todo. A Galiza é uma região com afinidades vincadas connosco e o tratamento de distância com que os seus assuntos são abordados provoca-me uma sensação de estranheza. Premeditação? Incómodo pelo facto de a Galiza, estando sob alçada espanhola, ter mais afinidades com Portugal do que com Espanha? Respeito pela soberana unidade espanhola? Ou um tema tabu que convém não ser tratado por forma a não levantar mais polémicas sobre - a já de si polémica - artificial nação imposta por Castela?

O que é certo é que não podemos mais fechar os olhos e continuar a negar uma realidade que é evidente. As afindidades que temos com a Galiza não podem ser deixadas para segundo plano em favor da pretenção de Espanha em manter intactas as suas fronteiras e a sua afirmação sobre as nações que a constituem. Os problemas que a Espanha tem, tem que ser a Espanha a resolver. Não podemos é fazer de conta que não existe uma região a norte que fala a nossa língua, tem os mesmo costumes e que por sinal é a base da nossa própria identidade. Essa região luta por se afirmar dentro do reino espanhol e procura volta-se definitivamente a sul em buscas de referências que possam recuperar partes da sua identidade esquecida por anos de colonialismo. Assume os seus erros históricos, nomeadamente quando a sua nobreza e os seus líderes optaram por um espanholismo, que lhes veio a sair caro, em detrimento da sua evidente ligação com Portugal. E nós o que fazemos? Fazemos de conta. Fazemos de conta que não existe. Fazemos de conta que não é da nossa conta.

Há claramente um evitar mencionar-se o assunto com a intenção de não ferir susceptibilidades. Por outro lado há também um esquecimento conveniente da nossa ligação anecestral. Afinal somos um país com 800 anos de história! Como vamos nós explicar às pessoas que temos os do Norte mais em comum com o vizinho de cima - que até habla español e tudo - do que com o vizinho de baixo?

10 comentários:

Antonio Lugano disse...

A sua chamada de atenção é pertinente.
Estou a preparar um pequeno resumo sobre as eleições 2007 na Galiza.
Antonio Lugano

Sam disse...

Caro António,

A ideia era fazer uma introdução para depois publicar e comentar os resultados das eleições. Mas depois entusiasmei-me e acabou como artigo.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Não me parece. Compreendo que o Algarve lá no extremo, ou o Planalto Alentejano, pela herança cultural própria e diferenças paisagísticas, soe na aparência a diferença acentuada em relação à Galiza.

Mas já são 900 anos (em 2028 fará 900 anos) e cerca de 1100 anos de "autonomia feudal" do condado Portucalense.
Na vida diária, inevitávelmente pela história, nas relações profissionais, nacionais e afectivas parece-me que o Norte está mais ligado ao Centro, às Beiras e mesmo a Lisboa e ao resto do País que à Galiza(com a qual tem uma afinidade também forte). É uma visão polémica (talvez para vós), mas com franqueza é isto que penso.

Por esta razão não vão, a meu ver, conseguir explicar tal opinião às Pessoas.

Anónimo disse...

lol o Al-Gharb mais proximo da Galiza Sul (Norte de Portugal) do que a proximidade entre as 2 Galizas?
lol boa piada, sem dúvida. Obrigado por me fazer rir já a esta hora da manha.

No futuro se as coisas continuarem como estão, pode vir a ter razão, mas por enquanto não a tem.

Anónimo disse...

se as coisas continuarem como estão, isto é, a destruição da identidade nortenha a que temos assistido ao longo destes ultimos séculos.

Anónimo disse...

Caro Nóbrega,

é um prazer visitar o seu blog. Você é um autêntico rebelde. Gosto muito da sua maneira de convidar aos seus paisanos a refletir sobre si mesmos, sobre o que é a Galiza Sul e o que é a Galiza Norte. Sobre a sua parte de responsabilidade. A sua situação, bem vista, é quase igual à nossa: sabemos que podemos mudar as cousas mas não o fazemos.

Já agora, espero que esta frase tirada da notícia «Os problemas que a Espanha tem, tem que ser a Espanha a resolver.» seja uma frase com ironia. Entendo que você quer denunciar a falta de responsabilidade que as autoridades portuguesas incutem sobre as pessoas ao educá-las na ideia de que Portugal nada tem a dizer nem a fazer na Galiza espanhola.

Abraço,

Isabel

Sam disse...

Cara Isabel,


É para mim um prazer enorme tê-la aqui polo meu blog! Sempre fui um admirador das suas ideias e recebê-la aqui deixa-me profundamente sentido e motivado para continuar com esta forma que encontrei para divulgar os meus pensamentos relacionados com este tema que a muitos nos interessa.

Você apanhou entendeu na perfeição a mensagem.
Espero encontrá-la mais vezes por aqui.

Abraço

Sam disse...

"apanhou E entendeu"

Anónimo disse...

O prazer é meu :-)

Não são "minhas" ideias. Eu aprendi o pouco que sei de outros.

Estou colhendo o hábito de visitar o seu blog, assim que andarei por aqui às voltas (talvez para desgraça de algum comentarista nacionalista republicano... haha!)

Abraço.

Anónimo disse...

ja agora poderei saber que ideias suas são essas? estao nalgum blog? sao politicas ou que?
desculpe a curiosidade cara irmã galega