quinta-feira, 3 de maio de 2007

Os Complexos e as Reclamações



















Após ler a entrevista prestada por Valente de Oliveira ao JN fico com uma sensação de que as coisas cada vez mais se compõem e seguem o caminho que culminará com a criação de regiões, a breve prazo. O facto de algumas vozes começarem a apontar a desnecessidade da realização de um referendo, apelando à urgência da situação, é espelho da gravidade do estado em que nos encontramos (todos, não apenas nós) e do estado de saúde da economia portuguesa. Prescindir da região mais industrializada do país, esquecê-la e - pior que tudo - sufocá-la, é atentar contra a própria economia do país.

Não sei quais as razões que levaram a que taís políticas se fizessem valer e que contribuíram para o declínio da situação económica da região mais dinamizadora do país. Ou talvez não me apeteça falar delas, apesar de as saber, pois não acredito na sua inocência. Sei é que ao criar o estigma do provincianismo dos políticos nortenhos, determinadas pessoas estavam a ser mais provincianas ainda, juntando-lhe uma dose enorme de más-intenções.

Além do estigma criado em redor dos nossos políticos - fazendo com que frases feitas como "só sabem reclamar" ou "são ricos e ainda querem mais" entrassem diariamente nos nossos ouvidos vindo dos mais variados sectores da comunicação social - criou-se também o estigma negativo de que qualquer iniciativa a fim de promover ou de enaltecer uma virtuosidade desta região se tornasse sinónimo de um sentimento regionalista, logo negativo e causador de divisões desnecessárias num país tão unido e unicultural. Um estudo de uma Universidade portuense a divulgar factores económicos era uma forma de regionalismo provinciano e ultrapassado. Qualquer, mas qualquer coisa, que fosse relacionada com o Norte, vindo de entidades ou instituições nortenhas significavam pequenez, mesquinhez, complexos de inferioridade. Porém, se uma qualquer instituição alentejana enaltecesse os cantares alentejanos era visto como forma de orgulho e não como um perigo para a integridade nacional.

Ha que ultrapassar este complexo de afirmação na nossa identidade e todos devemos unir-nos com o intuito de melhorarmos, evoluirmos e recuperarmos o estatuto de região líder do país, pois isso não revela problema algum. Revela sim é competência, dignidade e competitividade. Que são atributos que estão em falta e que se revelam necessários para o processo de recuperação económica da região. Deixemos de ter os complexos de que quem reclama é como quem mendiga. Quem reclama é porque quer mais. É porque se sente injustiçado. É porque quer crescer e não pode. Deixem-nos respirar e seguir caminho pelos nossos pés. Evoluiremos. E o país também.

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