terça-feira, 15 de maio de 2007

O Turismo Perde o Norte














A notícia de que a Região Norte ficara de fora dos investimentos levados a cabo polo governo normalmente caíria como uma bomba. Não falo só na primeira pessoa, mas alargo a minha incredulidade à maioria dos habitantes da região. Mas não! Não, não é surpresa alguma esta exclusão, como não foram as anteriores decisões governamentais prejudiciais à região. É apenas o seguimento de uma política castrante, abusadora e tendenciosa que temos vindo a assistir e que tomou dimensões gigantescas, assumindo de vez o descaramento e perdendo a vergonha.

Se em tempos estas medidas eram tomadas intencionalmente mas com a preocupação de não causar alarmismos e descontentamento - sendo acompanhadas de justificações injustificáveis, estudos encomendados ou um qualquer regalo do género "toma lá e tá calado!" - nestes últimos anos passaram apenas a medidas normais e esperadas, sem qualquer preocupação e receio por parte de quem as toma. E porquê? Porque sabem que não há nada que os visados possam fazer, uma vez que estão montados os mecanismos necessários para que este tipo de política possa ser exercida, favorecendo atitudes destas. O sistema centralista está tão bem montado e guarnecido - e suportado por bases políticas, quais bases militares, por todo o país, intensificando-as nos pontos mais estratégicos - que quaisquer vozes de contestação contra ele os abafa automaticamente. É fácil de perceber: os centralsitas são os que mandam. Qualquer coisa que ponha perigo a sua política é aniquilado, porque não interessa.

Dos 100 milhões de euros previstos para o investimento no turismo, zero venhem para a região. As atribuídas são - admiremo-nos! - o Algarve, Lisboa e Vale do Tejo e a Região Oeste. Que a nível de regiões não é região alguma mas apenas uma parte da Região Lisboa e Vale do Tejo. O descaramento atinje cada vez mais dimensões de ultraje. Mas dificilmente algo o pode impedir. Os governantes sabem-no. E por isso não se importam com o descaramento. Para além do epíteto atribuído ao Norte - praticamente sinónimo de contestação, a inserir nos próximos dicionários - existe um marasmo a nível de figuras públicas e políticas. Há um consenso entre estas que assume a discriminação, o esquecimento e a intencionalidade em muitas decisões tomadas em relação à região. Mas poucos ou mesmo nenhuma tem a força de outrora. Ou se tenhem, a comunicação social não faz caso delas e as reclamações feitas não passam das fronteiras regionais e surtem efeitos apenas internos. E os governantes sabem disto também e daí o descaramento das decisões ser maior e mais frequente.

Uma das soluções para a resolução desta questão política de opressão de uma região passa pela regionalização do país. Mas não tenhamos dúvidas! Se já assim se assiste a um desgaste total e sub-aproveitamento de uma região em favor do desenvolvimento de outras, o que nos espera nos tempos que antecederem à regionalização serão piores ainda. Ao ter consciência que o bolo vai fugir, a pressão aspirante da política centralizadora vai fazer-se sentir mais ainda e espremer até ao último momento o que puder espremer.

9 comentários:

Anónimo disse...

é o que tenho dito, somos uma colónia.
E os burros dos nortenhos ainda vão atras do seu falso pseudo-país e de Lisboa. Quando joga a selecção é vê-los todos a torcer pela merda do Portugal multi-nações.

Mas por um lado é positiva esta atitude. Penso que devemos fugir o mais possivel do turismo, que só cria vicios e dependencia de turistas na nossa economia.
Não é saudavel um país investir e dedicar-se muito ao turismo. Vejamos a Madeira, é so turismo, de seu não tem quase nada. A sua população vive e trabalha para o turismo. Não se investe no povo, infra-estruturas para o povo, etc. Só se investe em agradar os turistas. Agora vamos a um país como Islandia ou Nova Zelandia que não sao tão dependentes do turismo, mas tem uma economia interna forte e vemos que é muito mais saudável. O povo tem muito mais condições e meios para si. Vivem a sua vida, não anda a trabalhar para os outros gozarem a vida.

Muito melhor um país sobreviver com a sua propria economia, com as suas proprias empresas, investigaçao cientifica, etc, do que sobreviver como Madeira e Algarve, areas estereis que "apenas" têm turismo, não produzem nada.

Anónimo disse...

Luxemburgo é outro exemplo, uma area tao pequena e nao vive do turismo. Produz muita riqueza e tem uma excelente qualidade de vida.
Por exemplo sei que já têm uma empresa de produção de pequenos carros de cidade a electricidade. Isto sim é enriquecer e produzir algo para o país, algo novo, algo que é seu, é feito por si.
Agora Madeira e Algarve é um zero, só servem os turistas. Se os turistas deixam de visitar, os gajos morrem à fome

Anónimo disse...

É, receio bem que possamos começar a encarar o conjunto das atitudes do Poder Central em relaçãoo ao Norte,como puro e duro Colonialismo.
Mais tarde ou mais cedo tem que aparecer quem de forma idónea, lidere o processo de auto-determinação, caso contrário arriscamo-nos simplesmente a desaparecer do mapa.

Anónimo disse...

etnicamente ja começamos a desaparecer do mapa, tal a mistura e migraçao de algarvios, lusitanos e não europeus para o norte

António Lugano disse...

A politica centralizadora do "Terreiro do Paço", a qual inclui uma evidente colonização cultural, é um dado adquirido.
Compete-nos manter a alerta (como faz o "Calecia") e actuar em consequência pela Regionalização.
Por outro lado, e pode parecer estranho, se os dados não forem convenientemente analisados, folgo em saber que não há investimento em "turismos"...
Sejamos conscientes que o turismo é (tem sido e será) um dos principais motivos da perda de identidade dos povos.
O "mercado turistico", que teoricamente é uma abertura cultural, na realidade é uma alteração preocupante da identidade dos "afectados".
Vejam-se as construções (hoteis e residências) que deformam a nossa geografia.
Analise-se o impacto de milhares de forâneos que exigem a "coca-cola" e os "hamburgers" desde o Lindoso a Montesinho...
O turismo, praticado como negócio, é uma autêntica "prostituição cultural".
Atente-se nos "muros de cimento" que têm sido edificados nos litorais.
Pretenderemos uma costa atlântica como a dos espanhóis e franceses no Mediterrâneo?
Será nosso objectivo transformar a nossa suculenta gastronomia em "cozinha de desenho" ?
Inicialmente o turista visitava para conhecer realidades diferentes da sua.
Hoje o turista vem "tomar Sol", e encontrar na mesa os produtos culinários que conhece.
Leiam-se os menús oferecidos pelos "restaurantes de zonas turisticas".
Entre algum "prato" local (condimentado à inglesa ou à francesa) abunda a oferta de alimentos "para satisfazer o gosto dos turistas" (e tudo em inglês, francês ou alemão).
Deixar de ser colonizado pelos "sulistas" para passar a sê-lo pelos "low cost" em calções de banho?
Turismo? Não, obrigado!

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o Antonio Lugano.
O turismo contribui e muito para a perda de identidade dos povos.

E é melhor termos uma Galécia Galaica em que possamos ver no dia a dia a sua propria vida Galaica, do que ver uma Galécia artificial em que o seu dia a dia é uma mistura de vida de turistas e vida de Galaicos, tal como o Algarve, que em muitas regiões não tem sequer identidade Algarvia, é somente um espaço para turistas com hoteis, lojas, discotecas, pubs, etc..
É um Algarve que não é para servir os Algarvios, mas para servir os outros.
Não quero isso para a Galécia.
O turismo é para povos inferiores, que não sabem desenvolver a sua economia.

Sam disse...

Caro António,


O artigo surge exactamente nesse contexto de que a nossa região ser prejudicada nos mais variados quadrantes. Neste caso foi na distribuição das fatias de um bolo em que a maior parte coube às regiões do costume. Como disse, é com esse intuito que o alerta é dado.

Quanto ao Turismo em si, como actividade económica, sou da opinião que as bases da nossa economia devem sustentar-se noutras bases que não essa. Temos tradições em variados sectores. Acho que deveríamos optar em primeiro lugar por esses, actualizando-os por forma a ganharem competitividade, e apostar noutros que possam ser actividades rentáveis, desde que ajustadas à realidade da região.


Cumprimentos.

Anónimo disse...

Tanta burrice aqui dita. A Espanha tem como principal indústria, o turismo. A Madeira é a região do país com 2º maior PIB per capita, depois de Lisboa e vale do tejo, e tem uma rede de infraestruturas (feitas para o povo), que tomara muita região da europa. A começar logo pela rede viária. Dizer que a Madeira morria à fome se não fosse o Turismo, é mesmo digno de um mancebo que não percebe patavina da Madeira, que é hoje um um importante centro financeiro e offshore.

Anónimo disse...

O Rui disse: "O turismo é para povos inferiores, que não sabem desenvolver a sua economia." Portanto, segundo esta "inteligência rara", a espanha é um povo inferior. Oh Homem vá tomar banho! É devido a ideias como essas que o Norte é agora uma das regiões mais pobres do país, e a Madeira e o Algarve são das mais ricas. Haja paciência para estes verdadeiros "morcões". Devem achar que têm alguma indústria digna desse nome para o país viver à custa dela. outra eminência, é este tal de Zaga, que ainda não percebeu que o futuro deste país em indústria, é o futuro do Norte--> fábricas a fechar, desemprego e pobreza. Mas de um ser que diz que a Madeira é esteril e não produz nada, não seria de esperar senão pérolas destas. Entretanto o Norte vai andando desgraçado e cada vez pior, e as regiões turisticas continuam a subir o seu PIB per capita.