terça-feira, 8 de maio de 2007

União de facto?

Apresento um artigo de opinião de Jorge Laiginhas, saído hoje no JN:















E se o Norte de Portugal e a Galiza se casassem?!...

Jorge Laiginhas , Escritor

O professor Universitário Alberto Castro escreveu, a 17 de Abril neste jornal, que "com a chegada da democracia a Espanha, os desejos de autonomia de algumas regiões, entre as quais a Galiza, reacenderam-se e obtiveram consagração. Do lado de cá, havia as regiões-plano e as respectivas comissões de coordenação. Os intercâmbios entre o Norte e a Galiza intensificaram-se e as assimetrias de poder de decisão começaram a vir ao de cima. Enquanto do lado de lá uma discussão podia acabar com a fixação de um objectivo e um orçamento estipulado, do lado português elaboravam-se relatórios para os vários ministérios da tutela. E ficava-se a aguardar."

É verdade que povo português recusou, em referendo, a regionalização. Pudera! Deram-lhe a escolher entre omeleta de feijões e omeleta de feijocas. O povo, confuso, escolheu continuar a comer caldo de couves.

Os nossos governantes sabem que regionalizar implica partilhar. Sim. Partilhar tudo. Também o poder. É esse o motivo porque a criação de regiões administrativas não avança.

Os políticos, os nossos políticos, até se dizem regionalistas, que sim, sim senhor, quando estão na oposição, que "nim", "nim" senhor, aquando das campanhas eleitorais, e, já anchos de poder, vomitam que é necessário "um consenso político sobre a necessidade de se fazer a regionalização".

Entrementes, medram os eucaliptos em Lisboa e medram as giestas em quase dois terços do país!

Cá pelas bandas do Norte - é aos nortenhos que o cronista se dirige - começa a crescer um sentimento que foi já semeado em tempos de antanho o nosso futuro ainda é possível. Aqui. E é possível se assumirmos, colectivamente, uma atitude mais arrojada. Esqueçamos o eucaliptal de Lisboa e voltemo-nos para a Galiza. Sim, para a Galiza. A Região Norte de Portugal e a Galiza formam um território de 50 000 quilómetros quadrados onde vivem seis milhões de pessoas unidas por uma cultura comum. É o Noroeste Peninsular.

O Noroeste Peninsular é constituído por um sistema urbano de média dimensão, disseminado uniformemente por todo o território. Nove cidades no Norte de Portugal e nove cidades na Galiza que já partilham intimidades que apenas cidades irmãs é costume partilharem.

A economia do Noroeste Peninsular está enraizada. Vinhos únicos no Mundo, têxteis que inventam as cores, mobiliário que faz a ponte entre a memória e o imprevisível, construção naval com história, frutos do mar, e frutos dos rios, e frutos das rias, gastronomia, água, água salgada, água doce, montanhas e vales, um ano inteiro de estâncias termais…

Uma rede de universidades de excelência dá-nos a garantia de que o Noroeste Peninsular vai estar lá, onde estiver o futuro.

O Norte de Portugal e a Galiza - libertos das fronteiras artificiais a que Lisboa e Madrid os amordaçaram em tempos idos- deram-se à conversa, cada qual com o seu timbre de voz. Há quem diga que até já namoram. E se o Norte de Portugal e a Galiza se casassem?!...

8 comentários:

Anónimo disse...

Em tempos idos foi o Norte "Galego" Portucalense que se despegou da Galiza. Não foi Lisboa. Foi o Norte que se despegou, criando a tal fronteira "artificial". Foi o norte que fixou a capital no Centro, em Coimbra. Lisboa foi recriada pelo norte - e mesmo assim só cerca de 100 anos após a integração(1147), a partir de 1255, começou a partilhar a capitalidade com Coimbra, por obra da Coroa, fixada em Coimbra, vinda do Norte. Foi o Norte que se separou da Galiza - foi obra sua.

António Lugano disse...

1.
Perdão, mas a sua afirmação não é correcta!
Quem separou Portucale da Galiza foram os nobres lusitanos do Conimbrincense, e a poderosa familia dos Maias, de origem árabe (Cordoba),aliados à Igreja controlada por Cluny.
O mito de Alfonso Anriques como filho de Dª Tareja foi montado com esse objectivo.
.
2.
Para o casamento... ofereço-me para levar as alianças.

Anónimo disse...

António Lugano: Não concordando com o que disse, coloco à mesma a questão?

Então e os nortenhos que passam a vida de peito feito com Portucale e Guimarães e a origem de Portugal, que aliás está correcta, face ao resto do País e sobretudo a Lisboa.

Uns contradizem os outros. Ninguém se entende - é só alucinações.

Anónimo disse...

Como nascido e criado no Porto, uma das palavras mais doces que conheço é:Galiza.

Anónimo disse...

e uma das palavras mais amargas, mais destruidoras que conheço é Lusitânia, Sul..

Filipe Manuel disse...

Sou natural de cantanhede, perto de Aveiro e nunca me considerei Lusitano. Sempre me fez imensa confusao, nao se coadunava com a minha identidade. Com o tempo e sobretudo, com o recuo, tenho vindo a desconstruir e desmistificar tudo: considero-me Galego! e berrarei se for preciso, ao ouvido mais pertinente que se convence que portugal é lusitano, uma unica naçao, homogéneo e por ai fora. Nao concordo com termos como lusofonia, so se for para quem defende a Lusitania, ai sim. Agora creio que quem vive a norte de coimbra é GALEGO, fala o GALEGO-PORTUGUÊS e nao somente o português. Vou ao algarve e nao me identifico nada com a regiao, e muito menos com o alentejo. Vou a Galiza e sinto-me em casa! é a extensao da minha personalidade, sinto-me bem.

A Historia é assim feita de avanços e recuos, tudo bem, até porque nada acontece por acaso, mas creio que chegou a altura de abrirmos os olhos e repor a verdade, sempre a verdade e unicamente a verdade.

Sou natural de cantanhede e afirmo que me considero Galego, celta e com tudo o que isso tem de bom e mau. Chegou altura de nos unirmos mais e livramo-nos do jugo bipolar "lisboa-madrid".

Galiza, finalmente encontrei-te!

Com os melhores cumprimentos

Phobos disse...

Eu até me visto de rapariga, ponho um laço cor de rosa e sou a dama de honor do casório.Não podia estar mais de acordo com o Filipe Manuel. Eu com o Algarve só partilho a língua. Não tenho nada a ver com a gentes do sul. Mas tudo a ver com a Galiza. Espero pela regionalização pois aí teremos as mesmas armas que os nossos irmãos galegos e poderemos ambos lutar pelo futuro comum. Cumprimentos de um galego do sul, diga-se, de Bragança

Anónimo disse...

Olá!! Tenho 16 anos mas concordo com a tese está na hora da revolução!!!!!!!!
Galiza é de Portugal e vice-versa. Nós somos o sustento ibérico
e o resto de espanha e portugal (só o Benfica claro que excepção) não vale nada, o galego é o português arcaico, temos o mesmo fuso horário e se for preciso juntar os Bascos e vamos a conquista do mundo!